Trump elogia Lula, fala em “química excelente” e anuncia encontro bilateral na próxima semana
Presidente dos EUA se encontrou brevemente com Lula na ONU e sinalizou aproximação, apesar de críticas às tarifas brasileiras

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira, 23 de setembro, que pretende realizar um encontro bilateral com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva na próxima semana. A declaração foi feita durante seu discurso na 80ª Assembleia Geral da ONU, logo após a fala do líder brasileiro.
Trump afirmou ter tido uma “química excelente” com Lula durante um breve encontro nos bastidores do evento. “Encontrei o líder do Brasil ao entrar aqui e falei com ele. Nos abraçamos. As pessoas não acreditaram nisso. Concordamos em nos encontrar na próxima semana”, relatou o norte-americano, destacando que a conversa durou cerca de 20 a 30 segundos.
“Eu gosto dele e ele gosta de mim. E eu gosto de fazer negócios com pessoas que eu gosto”, disse Trump. “Foi uma coisa muito rápida, mas foi uma química excelente. Isso foi um bom sinal.”
Apesar do tom amistoso, Trump criticou as tarifas aplicadas pelo Brasil a produtos norte-americanos, classificando-as como “imensas e injustas”. Em resposta, os EUA impuseram tarifas de 50% a certos produtos brasileiros. “Fiz isso porque, como presidente, eu defendo a soberania e os direitos de cidadãos americanos”, justificou.
O republicano também acusou o Brasil de interferir nos direitos e liberdades de cidadãos estrangeiros “com censura, repressão, e com o uso do sistema judicial como arma”. Ainda assim, acenou com a possibilidade de uma parceria: “Sem a gente, eles vão falhar como outros falharam.”
A Casa Branca iniciou, desde julho, uma ofensiva contra o Brasil, com novas taxações e críticas ao Judiciário. Em resposta, o governo brasileiro lembrou que, nos últimos 15 anos, os EUA acumularam superávit de mais de US$ 400 bilhões na balança comercial com o Brasil, o que não justificaria as medidas recentes.
Em carta oficial, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, negou a existência de censura no país e afirmou que as decisões da Corte visam proteger a liberdade de expressão. Barroso também classificou como “compreensão imprecisa dos fatos” a justificativa dada por Trump para aplicar as tarifas.
“No Brasil de hoje, não se persegue ninguém”, concluiu o ministro.