Calor extremo pode dobrar número de mortes nas próximas décadas, alertam cientistas

Estudo revela que idosos e pessoas vulneráveis serão os mais afetados, e aponta soluções urgentes para reduzir impactos na América Latina

Um levantamento conduzido em mais de 300 cidades latino-americanas projeta um cenário alarmante para as próximas décadas: as mortes causadas por calor podem mais que dobrar até 2054, especialmente entre idosos e pessoas que vivem em áreas periféricas. Combinando dados de nove países, incluindo o Brasil, o estudo integra o projeto Salurbal-Clima, que analisa os impactos das mudanças climáticas na saúde urbana. No cenário mais preocupante, com aumento médio da temperatura entre 1º C e 3º C, a taxa de óbitos atribuída ao calor pode saltar de 0,87% para 2,06% do total.

De acordo com os pesquisadores, o envelhecimento da população é um dos fatores que ampliam a vulnerabilidade, já que o número de pessoas com mais de 65 anos crescerá significativamente entre 2045 e 2054. A falta de infraestrutura adequada, como acesso a ar-condicionado, sombra e espaços verdes, agrava a situação em comunidades mais pobres. Casos de infarto, insuficiência cardíaca e agravamento de doenças crônicas se tornam mais frequentes em períodos de calor extremo, segundo explica o médico Nelson Gouveia, da USP.

Para conter a escalada de óbitos, os especialistas destacam que ações preventivas e políticas públicas bem planejadas são cruciais. Entre as medidas recomendadas estão a criação de planos de contingência para ondas de calor, ampliação de áreas verdes, instalação de corredores de ventilação urbana e sistemas de alerta precoce, com comunicação acessível para toda a população. Além disso, é essencial capacitar o sistema de saúde para atendimento prioritário de grupos de risco, como idosos e pessoas com doenças crônicas.

O estudo também enfatiza que os efeitos das mudanças climáticas sobre a saúde já estão em curso, e que o tempo para agir é agora. Com financiamento previsto até 2028, o projeto Salurbal-Clima busca fornecer evidências científicas para embasar decisões políticas que possam proteger as populações mais afetadas. A publicação completa foi disponibilizada pela revista Environment International e conta com a colaboração de instituições acadêmicas de países como Argentina, Chile, México e Estados Unidos.

Sebilar

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