Crise entre EUA e Brasil encarece café e ameaça mercado americano

Tarifas impostas por Trump após condenação de Bolsonaro disparam preços e forçam busca por novos fornecedores

A relação turbulenta entre Estados Unidos e Brasil provocou um efeito colateral direto no bolso dos americanos: o preço do café disparou. Em apenas um ano, entre agosto de 2024 e 2025, o valor do grão subiu 21%, resultado de uma combinação de fatores climáticos, logísticos e principalmente da decisão do presidente Donald Trump de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, após a condenação de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe. O Brasil, que fornece 30% dos grãos não torrados consumidos nos EUA, teve sua participação fortemente reduzida no mercado americano.

A reação não demorou: cafeterias como a Birch Coffee, de Nova York, viram os custos explodirem, obrigando reajustes no preço das bebidas e mudanças no fornecimento. Segundo Jeremy Lyman, cofundador da rede, o custo do café aumentou 55% em relação ao ano anterior, tornando a importação brasileira “impagável”. A alternativa foi buscar outros mercados, como México, Etiópia e Peru, enquanto os consumidores passaram a repensar seus hábitos. Com cafés custando até 10 dólares, a bebida virou um artigo de luxo para muitos nova-iorquinos.

Diante do impacto generalizado, o Congresso americano começou a agir. Em um movimento raro de união, republicanos e democratas se juntaram para propor uma lei de proteção ao café, e Trump cogita incluir o grão na lista de produtos isentos de tarifas, por não serem cultivados em quantidade suficiente nos EUA. Enquanto isso, as exportações brasileiras de café despencaram 53% em setembro, segundo o Cecafé, e o setor observa com atenção os desdobramentos da tensão diplomática.

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