Leite assina carta de coalizão nacional para desenvolvimento de projetos-piloto de energia eólica offshore

Documento apresentado durante a 16ª Feira Brazil Windpower, em São Paulo, reforça posição estratégica do RS em energia renovável

O governador Eduardo Leite assinou, nesta terça-feira (28/10), em São Paulo, a Carta de Coalizão dos Projetos-Piloto de Eólicas Offshore no Brasil, documento que formaliza a cooperação entre os governos do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte para o fortalecimento e a aceleração da indústria brasileira de energia eólica no mar. A cerimônia ocorreu durante a abertura da 16ª Feira Brazil Windpower, o maior evento do setor na América Latina, promovido pela ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias), no São Paulo Expo.

A carta foi assinada também pela presidente da ABEEólica, Elbia Gannoum, pela governadora Fátima Bezerra (RN) e pelo representante do governador Cláudio Castro (RJ), Cássio Coelho, secretário de Energia e Economia do Mar do Rio de Janeiro. O documento estabelece uma agenda comum entre os Estados para estimular a pesquisa, o desenvolvimento tecnológico, a inovação industrial e a cooperação regulatória no campo da energia eólica offshore, segmento emergente que tem potencial de colocar o Brasil entre os líderes globais da transição energética.

“A transição energética é uma grande oportunidade para o Brasil, mas uma oportunidade que existe enquanto o mundo está em transição. Depois que os países completarem suas matrizes renováveis, ela deixará de ser um diferencial. Por isso precisamos agir agora”, destacou Leite. “Temos hoje cerca de 90% da nossa geração a partir de fontes renováveis e limpas, o que nos coloca em posição privilegiada para atrair investimentos de empresas comprometidas com a responsabilidade ambiental”, acrescentou.

A foto mostra o governador Eduardo Leite em pé atrás de um púlpito com a inscrição “Brazil Windpower – Arena ONSHORE”. Ele fala ao microfone e gesticula com a mão.
O governador Eduardo Leite destacou que a transição energética é uma grande oportunidade para o Brasil – Foto: Mauricio Tonetto/Secom

De acordo com o documento, a coalizão tem como princípios o desenvolvimento sustentável com inclusão social, o uso racional dos recursos naturais, o incentivo à pesquisa em tecnologias limpas – incluindo o hidrogênio verde (H₂V) – e a proteção ambiental associada à valorização da cultura oceânica. O texto também prevê colaboração científica e industrial, interlocução unificada com o governo federal e apoio mútuo à elaboração de regulamentações técnicas e ambientais.

O governador ressaltou que o Rio Grande do Sul vem se preparando para ocupar um papel de destaque nessa nova fronteira energética. “Nós nos julgamos plenamente capazes de receber mais investimentos e preparamos o Estado para isso”, afirmou. “Associamos a pauta da energia à do meio ambiente logo no início do nosso governo, criando a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema). Essa integração nos permitiu acelerar o licenciamento não só para geração de energia, mas também para novas linhas de transmissão, o que resolveu gargalos históricos e ampliou nossa capacidade de escoamento”, disse Leite.

Produção de energia eólica e projetos em licenciamento no RS

O Rio Grande do Sul é hoje o quinto maior produtor de energia eólica do país e lidera o número de projetos em licenciamento para geração offshore. Entre as iniciativas em destaque está o projeto Aura Sul Wind, que será a primeira plataforma flutuante de energia eólica offshore do Brasil, instalada no Porto de Rio Grande. Liderado pela empresa japonesa JB Energy, o consórcio reúne entidades como Portos RS, Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Technomar Engenharia, Blue Aspirations Brazil e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com apoio da ABEEólica e do governo federal.

“O projeto-piloto do Rio Grande do Sul será de uma plataforma flutuante, pioneira no país, e nós temos mais de 50 projetos em diferentes estágios de licenciamento, com potencial de geração de 16 gigawatts onshore e mais de 100 gigawatts offshore”, afirmou o governador. “O Estado reúne um ambiente regulatório estável, infraestrutura portuária consolidada e capacidade de inovação para liderar essa agenda”, completou.

A foto mostra o governador discursando ao microfone em um palco, com um púlpito. À esquerda, há uma grande tela exibindo a imagem do orador em tempo real. No fundo do palco, várias pessoas estão sentadas em cadeiras, enquanto à frente há um público numeroso acompanhando a apresentação.
O governador ressaltou que o Rio Grande do Sul vem se preparando para ocupar um papel de destaque na nova fronteira energética – Foto: Mauricio Tonetto/Secom

Integração com agenda do hidrogênio verde

Leite também destacou a integração entre a geração eólica e o avanço da agenda do hidrogênio verde no Estado. “O hidrogênio verde é um vetor fundamental para transformar a energia renovável em um modelo energético transportável, capaz de ajudar a descarbonizar outros setores da economia, como a agricultura, por meio da amônia verde. O Rio Grande do Sul já financia com R$ 100 milhões projetos de produção de hidrogênio verde, o que aumenta a demanda por geração eólica e reforça nossa liderança na transição energética”, afirmou.

A Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) manifestou que a assinatura da carta está em plena conformidade com as diretrizes do Estado para a transição energética e a descarbonização da economia, reforçando a integração com o Programa Estadual do Hidrogênio Verde (H₂V RS). O documento destaca que a parceria fortalece a posição estratégica do Rio Grande do Sul nas áreas costeiras e portuárias, impulsionando a geração de empregos qualificados e o desenvolvimento sustentável regional.

“O Rio Grande do Sul tem um grande potencial em eólica offshore, com 31 projetos em processo de licenciamento no Ibama. Além disso, o Estado deu início ao Planejamento Espacial Marinho (PEM), uma política de gestão dos usos do mar. Com essa assinatura, o Rio Grande do Sul une forças com os demais Estados que possuem projetos piloto para que a pauta ganhe força nacionalmente, garantindo o reconhecimento como um polo em offshore”, reforçou a titular da Sema, Marjorie Kauffmann.

Brasil mais sustentável, inovador e competitivo

Leite reforçou, por fim, que a consolidação da eólica offshore exige coordenação regulatória e planejamento integrado do uso do espaço marítimo. “O planejamento espacial marítimo é uma política nacional que precisa ser bem conduzida e acompanhada de perto pelos Estados, pois vai determinar a convivência entre as diversas possibilidades de uso do mar, inclusive a geração de energia eólica”, afirmou.

“Defendemos a melhor convivência entre a geração offshore e a preservação ambiental, inclusive com o uso de plataformas flutuantes, que reduzem o impacto e ajudam no monitoramento ambiental”, finalizou o governador.

A assinatura da Carta de Coalizão marca um passo importante na construção de uma agenda nacional integrada para a energia eólica offshore, alinhada à agenda de descarbonização do Rio Grande do Sul, unindo governos, instituições e empresas em torno de uma visão comum de futuro: um Brasil mais sustentável, inovador e competitivo na transição para a economia de baixo carbono.

Também participaram do evento o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, homenageado pela ABEEólica, o ministro dos Transportes, Renan Filho, e o presidente da InvestRS, Rafael Prikladnicki.

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