PCC usou motéis, imóveis e franquias para lavar milhões em dinheiro do crime, diz investigação

Esquema do Primeiro Comando da Capital movimentou setores diversos da economia formal para ocultar origem ilícita dos recursos e acumular patrimônio milionário

Uma operação deflagrada por autoridades paulistas expôs um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro comandado por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). A facção, segundo o Ministério Público, criou uma rede de negócios legais — incluindo motéis, empreendimentos imobiliários e franquias de cosméticos — para disfarçar a entrada de valores obtidos com crimes como jogo ilegal, venda de combustíveis adulterados e outras atividades ilícitas. Estima-se que, entre 2020 e 2024, os envolvidos tenham movimentado cerca de R$ 1 bilhão, com grande parte desse montante depositado em espécie, o que levantou os alertas das autoridades.

A atuação do PCC foi além dos já conhecidos esquemas ligados ao setor de combustíveis. Mais de 60 motéis e quase 100 franquias foram usados para lavar dinheiro, além de imóveis adquiridos com valores incompatíveis com as rendas declaradas. Entre os bens rastreados, estão helicópteros, um iate de 23 metros, terrenos avaliados em milhões de reais e veículos de luxo. Muitos desses ativos foram registrados em nome de empresas de fachada ou laranjas, estratégia que dificultava o rastreio e garantia proteção ao patrimônio acumulado de forma ilícita.

As autoridades também destacaram o vínculo direto dos investigados com membros influentes do PCC, alguns deles já mortos, como líderes assassinados em disputas internas. Empresas associadas ao grupo recebiam altos volumes de dinheiro vivo, prática clássica da lavagem de capitais. Durante as fases mais recentes das investigações, que incluem desdobramentos da Operação Carbono Oculto, foram bloqueados R$ 7,6 bilhões em bens de dezenas de investigados. A estimativa é que esse valor represente apenas uma pequena fração do que o PCC realmente acumulou com suas ramificações na economia formal.

Regina Coeli

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo