Ação coordenada pela Delegacia de Repressão aos Crimes Patrimoniais Eletrônicos cumpre 86 ordens judiciais em São Paulo, Goiás, Santa Catarina, Amazonas e Pará
Na manhã de quarta-feira, 22 de outubro, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, por meio da Delegacia de Repressão aos Crimes Patrimoniais Eletrônicos (DPRCPE/DERCC), deflagrou a Operação Mímesis, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa interestadual especializada em estelionato eletrônico, lavagem de dinheiro e fraudes em falsos leilões online.
Ao todo, foram cumpridas 86 ordens judiciais, incluindo oito mandados de prisão preventiva, 30 de busca e apreensão, 12 medidas cautelares diversas da prisão, 32 bloqueios de valores em contas bancárias e quatro sequestros de veículos. As ações ocorreram simultaneamente nos estados de São Paulo, Goiás, Santa Catarina, Amazonas e Pará.
Até o momento, sete pessoas foram presas, entre elas o líder do grupo criminoso, detido em São Paulo. Também foram apreendidos veículos, celulares, notebooks, documentos e outros materiais que contribuirão para o avanço das investigações.
Participaram da operação cerca de 150 policiais civis dos estados envolvidos.
Golpe do falso leilão
A investigação teve início após diversas ocorrências registradas por vítimas que, ao tentarem comprar veículos e outros bens em sites falsos de leilões, realizaram pagamentos via Pix e não receberam os produtos. Apenas no Rio Grande do Sul, entre janeiro e agosto de 2025, foram identificadas 48 ocorrências relacionadas ao mesmo grupo, com prejuízos superiores a R$ 700 mil.
Os criminosos reproduziam com perfeição páginas de leiloeiros oficiais, impulsionando anúncios fraudulentos nas redes sociais para atingir o maior número de pessoas possível. As investigações identificaram vídeos em que os próprios integrantes promoviam os anúncios falsos, investindo milhares de reais em publicidade digital.
Para ocultar a origem dos valores, o grupo utilizava uma rede de contas em nome de “laranjas” e empresas de fachada, além de ferramentas de anonimização digital.
O líder da organização, de 32 anos, localizado em São Paulo, foi apontado como o principal articulador e administrador financeiro do esquema. Ele contava com o auxílio direto de sua companheira, de 29 anos, cuja conta movimentou quase R$ 2,3 milhões em cinco meses, valor incompatível com a renda declarada.
A investigação também revelou três núcleos de atuação:
- Núcleo de Lavagem Empresarial: administrava empresas beneficiárias diretas de valores das vítimas e mantinha ao menos sete empresas de fachada, que movimentaram R$ 6,5 milhões;
- Núcleo Técnico: responsável pela infraestrutura digital dos golpes, incluindo hospedagem e suporte técnico;
- Núcleo Financeiro: encarregado da movimentação de valores, contato com vítimas e operações de depósitos fracionados para dificultar o rastreamento.
Além das prisões, os investigados estão sujeitos a medidas cautelares, como recolhimento domiciliar noturno, proibição de contato entre investigados e comparecimento mensal em juízo.
Com a Operação Mímesis, a Polícia Civil reafirma seu compromisso com o combate qualificado à criminalidade organizada, especialmente em casos de fraudes eletrônicas e lavagem de dinheiro, buscando a responsabilização integral dos envolvidos e a redução dos prejuízos às vítimas.