Polícia Civil prende quatro mulheres por crime de tortura e cárcere privado em Vista Alegre do Prata

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul cumpriu, na manhã desta sexta-feira, 24 de outubro, quatro mandados de prisão preventiva na cidade de Vista Alegre do Prata, durante uma operação que apura crimes de tortura, cárcere privado e violência psicológica. A ação foi coordenada pela Delegacia de Polícia de Nova Prata, com o apoio de agentes da Delegacia de Veranópolis.
A investigação teve início após um registro feito pela Brigada Militar no começo do mês, quando uma mulher foi encontrada em situação de cárcere, mas sem configuração de flagrante. Conforme apurado pela Polícia Civil, os abusos vinham ocorrendo desde maio, motivados pela suspeita de que a vítima, uma garota de programa, estaria envolvida em um suposto plano de morte contra as proprietárias da boate onde trabalhava.
Segundo as investigações, a proprietária do estabelecimento alegava receber “mensagens espirituais” de sua entidade religiosa, que orientava o castigo da vítima. A partir disso, a mulher passou a sofrer agressões físicas, psicológicas e restrição de liberdade, sob a justificativa de pagar uma “obrigação religiosa”. Mesmo ferida, ela continuava a trabalhar, sem receber pelos serviços.
A delegada Liliane Pasternak Kramm, titular da DP de Nova Prata, representou à Justiça pelas prisões das quatro investigadas. Ela destacou que os fatos chocam pela crueldade e perversidade, e que parte das violências foi gravada em vídeos e fotos encontrados nos celulares apreendidos.
Foram presas quatro mulheres, com idades entre 31 e 45 anos, todas apontadas como responsáveis diretas pelas agressões. Durante o cumprimento dos mandados, a polícia também apreendeu aparelhos eletrônicos, recolheu animais que estavam em más condições e acionou o poder público para cancelar o alvará da boate.
Após as prisões, as suspeitas foram levadas ao hospital para exames de rotina e, em seguida, conduzidas ao Presídio Estadual de Nova Prata, onde permanecem à disposição da Justiça.
A vítima, de 30 anos, ficou internada por 14 dias devido às lesões sofridas e, após receber alta, foi levada para a casa da família em outro estado, na região Nordeste.
De acordo com a delegada Liliane Kramm, a investigação continua e deve ser concluída nos próximos dias, com o inquérito remetido ao Poder Judiciário para análise e providências legais.
“Trata-se de um crime grave, com contornos de violência e perversidade que chocam até mesmo os policiais acostumados com a criminalidade. A motivação é macabra e surpreende o fato de as demais profissionais da casa terem aderido à brutalidade sem qualquer ganho”, afirmou a delegada.







