Consumo de ultraprocessados dobra na dieta dos brasileiros

Pesquisa publicada na The Lancet liderada pela USP associa aumento global desses alimentos a doenças crônicas

A participação de alimentos ultraprocessados na alimentação nacional mais do que dobrou desde a década de 1980, saltando de 10% para 23%, conforme aponta uma série de artigos científicos publicada na revista britânica The Lancet na terça-feira, 18 de novembro. A coletânea, liderada por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo), indica que o aumento do consumo é um fenômeno global observado em 93 países, sendo que nos Estados Unidos esses produtos já representam mais de 60% da dieta da população.

De acordo com os especialistas, essa mudança no padrão alimentar é impulsionada por grandes corporações que utilizam estratégias agressivas de marketing e lobby para priorizar a venda de itens industrializados. O consumo desses produtos — que são formulações pobres em ingredientes in natura e ricas em aditivos, açúcares e gorduras — acelerou-se mundialmente em paralelo ao aumento das taxas globais de obesidade e de patologias graves, como diabetes tipo 2 e câncer colorretal.

As evidências científicas associam dietas baseadas nesses produtos à piora da qualidade nutricional e à exposição a substâncias químicas nocivas. Uma revisão sistemática de 104 estudos de longo prazo, realizada pelo grupo de cientistas, revelou que 92 deles relataram um risco aumentado de uma ou mais doenças crônicas, confirmando a relação direta entre a ingestão de ultraprocessados e problemas cardiovasculares, metabólicos e diversos tipos de câncer.

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