Uma operação da Polícia Civil deflagrada nesta terça-feira revelou uma rede criminosa que se aproveitava da fragilidade emocional de famílias com entes internados em UTIs para extorquir dinheiro. Usando nomes falsos e fotos de internet, os golpistas se apresentavam como médicos e exigiam transferências via Pix para cobrir supostos custos emergenciais com exames ou medicamentos que, segundo eles, não estariam incluídos nos planos de saúde. As vítimas eram contatadas por mensagens e pressionadas a realizar pagamentos urgentes após receberem notícias falsas sobre o agravamento do estado de saúde dos pacientes.
A investigação, batizada de operação Cura Ficta, teve início após diversos relatos de golpe em Porto Alegre e Canoas, no Rio Grande do Sul, com prejuízos que ultrapassam dezenas de milhares de reais. Ao todo, foram expedidos 13 mandados de busca e apreensão, nove de prisão preventiva e bloqueios de bens em três estados: Mato Grosso, Rio de Janeiro e Goiás. Até o início da manhã, sete suspeitos já estavam presos. A estrutura do crime contava com o uso de tecnologia para dificultar o rastreamento, incluindo emuladores de Android para controlar várias contas de WhatsApp simultaneamente.
Um dos líderes do esquema operava de dentro da Penitenciária de Rondonópolis (MT), onde já haviam sido encontrados indícios da fraude, como anotações e dados bancários. A quadrilha tinha ramificações interestaduais e contava com a participação de familiares dos criminosos, como a companheira de um dos envolvidos, que usava tornozeleira eletrônica e administrava o dinheiro das fraudes. Um dos investigados possuía mais de 120 chaves Pix em seu nome, evidenciando o uso intensivo de contas para dispersar o dinheiro extorquido. Parte desses valores era revertida para uma facção criminosa com atuação no Centro-Oeste.








