Jovem morto por leoa foi abandonado pela mãe e rejeitado em abrigo: “Pobreza extrema”

A morte de Gerson de Melo Machado, de 19 anos, após entrar no recinto de uma leoa no Parque Arruda Câmara, trouxe à tona uma vida inteira de rupturas e invisibilidade. A conselheira tutelar Verônica Oliveira, que o acompanhou por quase uma década, descreve que o jovem cresceu imerso em pobreza extrema, sem apoio familiar e com sinais evidentes de transtornos mentais desde a infância. Mesmo após ser separado da mãe — que também enfrentava problemas psiquiátricos — e encaminhado a um abrigo, foi o único entre os irmãos que não conseguiu ser adotado, carregando consigo o rótulo de “criança difícil”.

Ao longo dos anos, a ausência de diagnóstico precoce agravou seu comportamento e o levou a sucessivas passagens pela polícia. Segundo a conselheira, Gerson apresentava esquizofrenia e atraso cognitivo, embora só tenha recebido laudo formal quando já estava no sistema socioeducativo. Tentativas recentes de reorganizar a vida, como a busca por documentos para trabalhar, contrastavam com episódios impulsivos — entre eles, o ato de invadir a jaula no domingo, motivado por um antigo sonho de “domar leões”. O zoológico afirma que o espaço seguia normas rígidas de segurança e classificou a invasão como imprevisível.

O ataque ocorreu enquanto o parque estava aberto a visitantes, levando ao fechamento imediato do local e ao acionamento das autoridades. A leoa, conforme informou o zoológico, permanece em observação e não será sacrificada. Para Verônica, a tragédia simboliza o acúmulo de negligências que marcou a vida do jovem: “Gerson já estava enjaulado há anos”, disse, lamentando que sua morte represente a consequência de um sistema que falhou repetidamente. O parque permanecerá fechado até o fim das investigações.

Belissimas

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