Lula alerta para risco de guerra na América do Sul com possível intervenção dos EUA na Venezuela

Presidente brasileiro defende saída diplomática e classifica ofensiva militar como “catástrofe humanitária para o hemisfério”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um duro alerta neste sábado, 20 de dezembro, durante a reunião do Mercosul, ao afirmar que uma possível intervenção militar dos Estados Unidos na Venezuela poderia desencadear uma guerra de grandes proporções na América do Sul. Segundo Lula, a situação representa um risco grave à estabilidade regional e à ordem internacional.
“Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo”, declarou o presidente. Ele destacou que o continente sul-americano não vive um cenário semelhante desde a Guerra das Malvinas, nos anos 1980, e criticou a presença de forças extrarregionais na região.
Atualmente, tropas norte-americanas cercam o Mar do Caribe, na fronteira venezuelana, sob o pretexto de combate ao narcotráfico. Navios petroleiros venezuelanos estão sendo bloqueados, o que pode causar asfixia financeira a um dos maiores produtores de petróleo do mundo. De acordo com Lula, os limites do direito internacional estão sendo testados com essa escalada militar.
Desde setembro, pelo menos 25 ataques contra embarcações no Caribe atribuídos às forças norte-americanas deixaram 95 mortos. A tensão aumentou após declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, que afirmou: “Ela [a Venezuela] só vai crescer, e o choque para eles será algo nunca visto antes – até que devolvam aos Estados Unidos todo o petróleo, terras e outros bens que nos roubaram.”
Lula revelou que tem mantido diálogo direto com os dois lados: conversou por telefone com Nicolás Maduro e com Donald Trump, buscando uma solução diplomática para evitar o confronto armado. “Falei para o presidente Maduro que, se quisesse ajuda do Brasil, precisaria dizer como. E disse ao Trump que, se achasse que o Brasil poderia contribuir, estaríamos prontos para conversar com ambos os lados e com outros países”, afirmou.
O presidente brasileiro também questionou os reais interesses por trás da ofensiva norte-americana: “Não pode ser apenas a questão de derrubar o Maduro. Quais são os outros interesses que ainda não sabemos?”
Como medida de precaução, Lula alertou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para que permaneça por perto nas próximas semanas, caso a crise se agrave. Ele também prometeu falar novamente com Trump antes do Natal, reforçando o papel do Brasil como mediador na tentativa de conter uma nova guerra na região.






