Mais de 400 mil vivem em favelas no RS, com graves deficiências em infraestrutura e serviços públicos

Censo 2022 revela realidade desigual em Porto Alegre e outras cidades gaúchas, com moradores enfrentando esgoto a céu aberto, calçadas intransitáveis e baixa arborização

Dados recentes do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo IBGE, revelam que mais de 416 mil pessoas vivem em favelas e comunidades urbanas no Rio Grande do Sul, o que representa 3,8% da população estadual. Porto Alegre concentra quase 70% desse total, com 289 mil moradores nessas áreas. Apesar de o RS não estar entre os estados com maior proporção de habitantes em favelas, os indicadores regionais de infraestrutura revelam disparidades mais acentuadas que a média nacional, principalmente em relação a saneamento, mobilidade e arborização.

Na capital gaúcha, calçadas acessíveis e sem obstáculos são raridade: apenas 4,8% dos moradores de comunidades vivem em trechos assim, contra 53,1% da população fora dessas áreas. A arborização também é um reflexo da desigualdade: enquanto 83,4% das vias urbanas fora das favelas contam com árvores, esse índice despenca para 33,1% nas comunidades. Outro dado alarmante é o acesso ao saneamento básico: menos da metade das favelas do RS possui bueiros ou bocas de lobo, dificultando o escoamento da água e agravando riscos em períodos de chuva.

Especialistas apontam que a precariedade dessas regiões é fruto direto da ausência de políticas urbanas efetivas. Segundo o professor Eber Marzulo, da UFRGS, a falta de planejamento expõe ainda mais os moradores a riscos em eventos climáticos extremos. O poder público reconhece as dificuldades: o secretário de Serviços Urbanos de Porto Alegre, Vitorino Baseggio, afirma que as ocupações cresceram mais rápido do que o Estado conseguiu reagir. Ainda assim, destaca que ferramentas como o Orçamento Participativo têm contribuído para avanços em infraestrutura nas vilas da cidade.

Postinho

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