ONGs denunciam precariedade e riscos na exportação de bois vivos

Audiência na Câmara debate o comércio liderado pelo Brasil; país bateu recorde de 952 mil bovinos exportados em novembro de 2025.

Organizações não governamentais (ONGs) denunciaram a precariedade e os riscos ambientais associados à exportação de animais vivos por mar, durante uma audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados nesta quinta-feira, 11 de dezembro. O caso recente do navio Spiridon II, que ficou meses à deriva e desembarcou quase três mil vacas na Líbia após ser rejeitado pela Turquia por falhas sanitárias e mau-cheiro, foi citado como exemplo dos problemas.

George Sturaro, diretor da Mercy for Animals, destacou que fatores como superlotação, agitação do mar e precariedade de higiene nos navios causam estresse físico e psicológico, deprimindo o sistema imunológico dos animais e favorecendo doenças. Além do sofrimento animal, ele apontou os riscos ambientais, como a alta chance de naufrágios de embarcações antigas e a poluição por fezes e urina ao longo do trajeto até os portos, citando Santos e Belém como municípios que já abandonaram esse tipo de exportação.

O Brasil é o maior exportador de animais vivos do mundo, tendo embarcado um recorde de 952 mil bois em 2025 até novembro. No Congresso, tramitam dois projetos de lei (PLP 23/2024 e PL 786/2024) que visam desestimular o comércio por meio da tributação. Além disso, a Mercy for Animals argumenta que o fim da prática é uma tendência global (já proibida ou restrita em países como Índia, Nova Zelândia e Reino Unido) e que a transição para a exportação de carne processada geraria um valor agregado adicional de até R$ 1,9 bilhão à economia brasileira.

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