Tratamento edita o DNA de células T para criar um “medicamento vivo” e já beneficiou dez pacientes no Reino Unido.
Um tratamento experimental contra a leucemia agressiva, desenvolvido por equipes da University College London (UCL) e do Great Ormond Street Hospital no Reino Unido, está demonstrando resultados promissores ao reprogramar células de defesa. A técnica utiliza a edição de bases, uma tecnologia capaz de alterar com precisão uma única letra do DNA, para transformar células T em um “medicamento vivo” desenhado para destruir células cancerígenas. A terapia envolve a desativação do alvo natural das células T, a remoção do marcador CD7 (presente nas células cancerígenas e nas células T), a criação de resistência a quimioterápicos e a programação para que as células ataquem o CD7.
A primeira paciente tratada, Alyssa Tapley, de 16 anos, recebeu a terapia em 2022 após a falha de quimioterapia e transplante de medula óssea, tornando-se o primeiro caso bem-sucedido do mundo. Ela permanece livre da doença. Até o momento, dez pacientes (oito crianças e dois adultos com leucemia linfoblástica aguda de células T) receberam o tratamento. Destes, quase dois terços (64%) alcançaram remissão, o que possibilitou a realização de um transplante de medula óssea para reconstruir o sistema imunológico.
Os dados clínicos iniciais foram publicados no New England Journal of Medicine, indicando que, entre os 11 pacientes tratados nos hospitais britânicos, nove tiveram remissão profunda, essencial para o transplante. Sete pacientes permanecem sem sinais da doença entre três meses e três anos após o procedimento. Apesar de dois casos de recaída, os resultados são classificados como “impressionantes” por especialistas, pois os pacientes tinham um prognóstico muito reservado. Médicos acreditam que a técnica abrirá caminho para terapias personalizadas e mais eficazes contra tipos de câncer antes considerados incuráveis.








