Aposentados rurais foram as maiores vítimas do golpe dos descontos do INSS, aponta Controladoria-Geral da República

Um esquema de descontos indevidos nos benefícios do INSS atingiu de forma desproporcional os aposentados do campo. Segundo auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU), 67% dos débitos foram registrados entre beneficiários rurais, número alarmante diante da dificuldade dessas populações em autorizar ou contestar cobranças. As irregularidades, associadas a cobranças de contribuições para sindicatos e associações, somaram até R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, podendo ultrapassar R$ 8 bilhões se considerado o período desde 2016.
A gravidade do escândalo provocou uma crise no governo, resultando na saída do então ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. Ele deixou o cargo após ser alertado sobre o aumento de denúncias ainda em 2023 e não tomar medidas efetivas. Em seu lugar assumiu Wolney Queiroz, enquanto o procurador federal Gilberto Waller Júnior foi nomeado novo presidente do INSS, substituindo Alessandro Stefanutto, exonerado após a deflagração da Operação Sem Desconto pela Polícia Federal.
O golpe explorava a vulnerabilidade dos aposentados rurais, muitos residentes em regiões de difícil acesso. A dificuldade de cancelar as cobranças por falta de internet ou transporte agrava o problema, segundo a CGU. Em 186 municípios, mais da metade dos aposentados sofreram os descontos, e em 19 cidades, o índice ultrapassou 60%, com destaque para localidades do Maranhão e Piauí. A CGU ainda aponta que, além do golpe, os serviços prometidos pelas entidades raramente chegavam às vítimas.