Safra de pinhão no RS cresce e anima produtores com colheita satisfatória

A safra de pinhão no Rio Grande do Sul está sendo considerada satisfatória neste ano. O período oficial de colheita iniciou na segunda-feira, 1º de abril, e segue até julho, com possibilidade de colheita residual em agosto e setembro, devido à presença de variedades tardias da Araucária Angustifolia, o pinheiro brasileiro.

Segundo estimativas da Emater/RS-Ascar, a produção deste ano deve alcançar 860 toneladas. O auge da colheita já ocorre no Estado, refletindo em maior oferta e redução nos preços para o consumidor: o quilo, que em abril custava R$ 17,00, agora varia entre R$ 12,00 e R$ 14,00.

As principais regiões produtoras são a região das Hortênsias e os Campos de Cima da Serra, com previsão de colher mais de 600 toneladas. No Planalto, especialmente em Passo Fundo, espera-se uma produção de 110 toneladas, enquanto as regiões Centro Serra e Serra do Botucaraí somam cerca de 150 toneladas.

Apesar das oscilações climáticas do ano passado, as projeções são positivas. “No ano anterior, a produção foi muito fraca. Neste ano, está melhor, embora ainda não atinja o patamar de uma safra cheia”, afirma Antônio Carlos Borba, extensionista da Emater/RS-Ascar. Ele ressalta que a colheita representa um alívio para agricultores extrativistas, sendo uma importante fonte de renda e sustento para famílias do campo.

Além da questão econômica, a safra reacende a preocupação com a preservação da araucária, espécie nativa e símbolo da cultura sulista. A colheita do pinhão é feita manualmente, desde a coleta no solo até a derrubada das pinhas com ferramentas ou escalada, com uso de equipamentos de segurança.

A legislação ambiental vigente regulamenta a colheita do pinhão. De acordo com a Lei Estadual nº 15.015, de quinta-feira, 22 de dezembro, a extração, transporte e comercialização só são permitidos a partir de 1º de abril. A Araucária Angustifolia é espécie ameaçada de extinção, protegida pelo Decreto Estadual 52.109/2014 e pela Portaria MMA nº 148/2022. É proibido podar ou cortar essas árvores de abril a junho, sob risco de multa.

A araucária leva de 12 a 15 anos para começar a produzir pinhas, e sua conservação é essencial para manter a biodiversidade da floresta ombrófila mista. “Se nada for feito, em 50 a 70 anos a espécie pode desaparecer das áreas de ocorrência natural”, alerta Borba.

A Emater/RS-Ascar orienta os agricultores sobre a importância da regeneração natural da araucária, especialmente nas bordas dos matos, onde ela se desenvolve melhor. “Muitas vezes, por desinformação, os agricultores acabam cortando essas mudas”, lamenta o extensionista.

Rico em nutrientes e aliado da culinária regional

O pinhão também se destaca por seus valores nutricionais e uso na culinária típica do Sul. Rico em minerais como potássio e fósforo, além de fibras e gorduras boas, é considerado um alimento energético, indicado principalmente para atletas. “É calórico, então pessoas com dieta restritiva devem consumir com moderação”, orienta a nutricionista Leila Ghizzoni, da Emater/RS-Ascar.

Por ser um produto sazonal, o consumo no período da safra garante maior aproveitamento de seus nutrientes. “O outono-inverno sugere alimentos mais calóricos. A natureza é sábia e fornece o que o corpo precisa para os períodos mais frios”, completa Leila.

Com importância que vai além da alimentação, o pinhão contribui para o turismo rural, o equilíbrio ecológico e a preservação de paisagens nativas. A safra de 2025, além de movimentar a economia, reforça a necessidade de conservação e manejo sustentável das florestas do Sul do Brasil.

Fonte: Emater/RS-Ascar
Foto: Ilvandro Barreto de Melo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo