ONS defende volta do horário de verão para suprir demanda de energia

Documento do ONS aponta necessidade de acionar usinas térmicas e estuda retorno do horário de verão para garantir potência no horário de pico

O sistema elétrico brasileiro poderá enfrentar problemas para suprir a demanda de energia elétrica nos horários de pico, especialmente no fim do dia, nos próximos cinco anos, caso não realize leilões de potência de energia. A conclusão está no Plano da Operação Energética (PEN 2025), divulgado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) na terça-feira, 8 de julho.

De acordo com o ONS, será necessário o despacho de usinas térmicas flexíveis para atender a demanda no horário de maior consumo, além da adoção de medidas alternativas, incluindo o possível retorno do horário de verão, suspenso durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A recomendação dependerá das projeções de atendimento nos próximos meses.

O documento destaca que a geração de energia no país cresceu, impulsionada principalmente pelas fontes eólica, solar e pela mini e microgeração distribuída (MMGD) solar. No entanto, essas fontes praticamente não produzem energia durante a noite, período de maior necessidade de potência.

Para os próximos anos, estima-se um acréscimo de 36 GW de capacidade instalada em relação a dezembro de 2024, totalizando 268 GW até 2029. A MMGD, em conjunto com a fonte solar, corresponderá a 32,9% da matriz elétrica brasileira em 2029, tornando a fonte solar a segunda maior em termos de capacidade instalada do Sistema Interligado Nacional (SIN).

O ONS alerta que, diante do cenário atual, será preciso preparar o sistema para elevados montantes de despacho termelétrico no segundo semestre, principalmente a partir de outubro deste ano. “Observa-se, em todo o horizonte, necessidade de elevado despacho térmico adicional ao previsto para atendimento energético, sendo que grande parte dos cenários já indica a necessidade de utilização da reserva de potência ao longo do segundo semestre de 2025”, afirma o PEN.

Apesar disso, o ONS não recomenda a inclusão de geração térmica com alto nível de inflexibilidade ou com longo tempo de acionamento nos próximos cinco anos. “Ao contrário, o SIN tem demandado cada vez mais requisitos de flexibilidade e, desta forma, o ONS precisa ter à disposição elementos de despachabilidade adequados às rápidas variações de potência requeridas para o atendimento à variação da demanda e das fontes intermitentes ao longo do dia.”

Um leilão para contratação de potência elétrica, previsto para junho, foi cancelado após o Ministério de Minas e Energia revogar a portaria que estabelecia suas regras. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que, caso seja publicada nova portaria, o leilão será coordenado pela agência e realizado na plataforma online da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), utilizando como base os documentos já produzidos.

Para o período de 2026 a 2029, o documento aponta risco explícito de insuficiência da oferta de potência (LOLP), com violação dos níveis de confiança previstos, especialmente entre agosto de 2026 e dezembro de 2029. “É premente a realização de leilões anuais de reserva de capacidade na forma de potência, uma vez que os estudos do PEN 2024 já indicavam violação dos critérios de garantia de suprimento de potência em 2025, e os resultados do PEN 2025 mostram aprofundamento das violações”, ressalta o texto.

Outro ponto de atenção é a inserção de cargas especiais no sistema, como datacenters e plantas de hidrogênio verde, que demandam alto suprimento de energia e possuem baixa flexibilidade operativa, impactando diretamente os critérios de garantia de suprimento de energia e potência. “Atenção especial deve ser dada na viabilização do atendimento destas cargas no período de ponta noturno, momento no qual o sistema já apresenta maior dificuldade no atendimento aos requisitos de carga”, conclui o documento.

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