Oposição desocupa Senado, mas impeachment de Moraes segue fora da pauta

Sem acordo com Davi Alcolumbre, oposição encerra ocupação do Senado após quase 48 horas e mantém pressão pelo impeachment de Alexandre de Moraes

A ocupação do plenário do Senado Federal pela oposição chegou ao fim na manhã desta quinta-feira, 7 de agosto, sem que houvesse acordo para o andamento do pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O protesto teve início após o ministro determinar a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado e investigado por obstrução de processo penal.

Segundo o líder da oposição, senador Rogério Marinho (PL-RN), a mobilização reforçou apoios ao impeachment e demonstrou a insatisfação de parte do Senado com a atuação de Moraes. “É evidente que o senador Davi vai se pautar pelo ambiente político”, declarou Marinho, em referência ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que tem a prerrogativa exclusiva de pautar processos de impeachment de ministros do STF.

Ao chegar ao plenário nesta manhã, Alcolumbre se limitou a dizer “vamos trabalhar”, sem se comprometer com a pauta do impeachment.

Outra reivindicação da oposição era a suspensão das medidas cautelares contra o senador Marcos do Val (Podemos-ES), que está obrigado a usar tornozeleira eletrônica após desobedecer ordens judiciais e viajar aos Estados Unidos. Marinho afirmou que Alcolumbre se comprometeu a recorrer da decisão junto ao STF.

Durante a sessão desta quinta-feira, o Senado aprovou o projeto de lei que isenta do Imposto de Renda trabalhadores que recebem até dois salários mínimos, substituindo medida provisória enviada pelo governo. O projeto segue agora para sanção presidencial.

O líder do governo, senador Jacques Wagner (PT-BA), destacou que o presidente do Senado não cederia à pressão da oposição. “Ele disse que não faria acordo intimidado e sob chantagem”, afirmou, lembrando os eventos de 8 de janeiro, quando os Três Poderes da República foram atacados. “Esse é o ato mais grave que eu vi de atentado à democracia brasileira”, completou Wagner.

Na noite de quarta-feira, 6 de agosto, a Câmara dos Deputados também foi desocupada após mais de 30 horas de ocupação por parlamentares da oposição que exigiam a votação do projeto de anistia aos condenados pelos atos golpistas de 2022.

Com o fim da ocupação, a sessão do Senado foi realizada de forma presencial, revertendo a previsão inicial de ocorrer remotamente devido à crise política interna.

Verauto

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