Lula e Xi Jinping reforçam parceria e ampliam cooperação diante de tarifaço dos EUA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da China, Xi Jinping, reafirmaram a disposição de ampliar oportunidades de negócios entre Brasil e China, durante conversa por telefone na noite de segunda-feira, 11 de agosto, que durou cerca de uma hora. O diálogo ocorreu em meio à nova política dos Estados Unidos, que elevou tarifas contra parceiros comerciais, atingindo em cheio exportações brasileiras.

Segundo a agência Xinhua, Xi Jinping destacou que a China quer ser exemplo de “unidade e autossuficiência” entre os países do Sul Global, defendendo a construção de um mundo mais justo e sustentável. Ele convocou as nações a se oporem ao unilateralismo e ao protecionismo. Os dois líderes ressaltaram a importância do G20 e do Brics na defesa do multilateralismo e da cooperação internacional.

O tarifaço norte-americano, iniciado pelo presidente Donald Trump em abril, teve como justificativa a redução do déficit comercial dos EUA. Embora inicialmente o Brasil tenha recebido a menor taxa, de 10%, o percentual foi elevado para 50% no início de julho, em retaliação a decisões contrárias a interesses de empresas de tecnologia estadunidenses e por questões políticas envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. A medida, em vigor desde quarta-feira, 6 de agosto, afeta 35,9% das mercadorias brasileiras destinadas aos EUA, o equivalente a 4% das exportações nacionais.

De acordo com a Presidência da República, Lula e Xi saudaram avanços nas sinergias entre os programas de desenvolvimento dos dois países e decidiram expandir a cooperação para áreas como saúde, petróleo e gás, economia digital e satélites. O governo brasileiro também trabalha em um plano de contingência para apoiar setores atingidos pelo tarifaço, incluindo crédito especial e aumento de compras governamentais.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, lembrou que a participação dos EUA nas exportações brasileiras caiu de 25% para 12% nas últimas décadas, reforçando a estratégia de abrir novos mercados. Na semana passada, Lula revelou que também busca negociar a venda de pé de frango para a China, após a retomada do status de país livre de gripe aviária.

Durante a ligação, Lula e Xi trataram ainda da guerra entre Rússia e Ucrânia, em busca de soluções de paz, e da participação chinesa na COP30, que será realizada em novembro, em Belém (PA). Xi garantiu que enviará uma delegação de alto nível e colaborará para o êxito da conferência.