Trabalhadores da classe média pagam mais IR que milionários, aponta estudo do Sindifisco

Estudo mostra distorções no sistema tributário brasileiro, com alíquotas mais altas para rendas intermediárias e benefícios para os mais ricos

Um levantamento do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindifisco) revelou uma grave distorção no sistema tributário do Brasil: trabalhadores que recebem entre R$ 6.600 e R$ 26.400 por mês pagam mais Imposto de Renda do que os milionários. A pesquisa, baseada em dados do IR de 2024 (ano-calendário 2023), mostrou que os mais ricos, com rendas superiores a R$ 316.800 mensais, pagam uma alíquota efetiva média de apenas 5,28%, enquanto a classe média arca com alíquotas que ultrapassam os 11%. O estudo ainda destaca que quanto maior a renda, maior a parcela de rendimentos isentos, principalmente por meio de lucros e dividendos, que não são tributados.

De acordo com o Sindifisco, aproximadamente 71% da renda dos super-ricos é isenta de impostos, contrastando com os trabalhadores de baixa renda, onde a isenção representa, em alguns casos, apenas 5% da renda total. Em 2024, mais de R$ 700 bilhões em rendimentos foram declarados como isentos, sendo 35% oriundos de lucros e dividendos. Para o presidente do sindicato, Dão Real Pereira dos Santos, esse modelo favorece a elite e incentiva práticas como a “pejotização”, em que trabalhadores são contratados como pessoa jurídica para reduzir a carga tributária. A reforma tributária aprovada em 2023 ainda não enfrentou essa desigualdade de frente, mas há expectativa de mudanças até 2033, incluindo a promessa de isenção para quem ganha até R$ 5 mil. Ainda assim, segundo Santos, só a revogação da isenção sobre lucros e dividendos poderia corrigir de forma significativa essas distorções.

Vênetto

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