Médica vai a júri popular por morte de bebê durante o parto no RS

Julgamento ocorre nesta segunda-feira após reclassificação da acusação de aborto para homicídio doloso, por decisão do Tribunal de Justiça do RS

Uma médica obstetra denunciada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) será submetida a júri popular nesta segunda-feira, 13 de outubro, na Comarca de Planalto, no Norte gaúcho. Ela é acusada de homicídio doloso pela morte de um bebê com 41 semanas de gestação, durante o trabalho de parto ocorrido em 2019.

Inicialmente, a profissional foi denunciada por provocar aborto sem o consentimento da gestante, mas acabou absolvida em primeira instância. O juiz responsável entendeu que não houve intenção de causar a morte e que a legislação não prevê punição para esse tipo de crime quando não há dolo.

A mãe da criança recorreu da decisão, levando o caso à Procuradoria de Justiça Criminal do MPRS. A procuradora Sônia Eleni Corrêa emitiu parecer favorável à reclassificação do crime como homicídio doloso, alegando que os fatos não configuravam aborto provocado por terceiro, mas sim uma conduta que assumiu o risco de matar.

Segundo o laudo da necropsia, o bebê sofreu hemorragia cerebral intrauterina, não resistindo às manobras aplicadas para induzir o parto natural. Com base nesse resultado, o MPRS defendeu que a médica fosse levada a júri.

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) acatou o parecer do MP e marcou a sessão para esta segunda-feira. A defesa recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas o pedido foi negado, tornando definitiva a decisão do TJRS.

“A atuação do Ministério Público foi decisiva para dar voz ao clamor da vítima, que não apenas perdeu a filha que gestou por 41 semanas, mas também viu a justiça lhe ser negada. Antes, havia apenas uma voz clamando por justiça; hoje, há duas: a dela e a nossa”, afirmou a procuradora.

Frasa

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