Polícia Civil do RS prende no MS advogado acusado de liderar esquema de fraudes processuais milionárias

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul, por meio da 2ª Delegacia de Polícia Distrital de Porto Alegre, prendeu nesta quinta-feira, 15 de maio, em Dourados (MS), o principal investigado da Operação Malus Doctor. O homem, que é advogado, estava foragido desde o dia 8 de maio, data em que a operação foi deflagrada.

Investigações iniciais indicavam que o suspeito estaria no estado de São Paulo no dia da operação. Após diligências, a polícia identificou que ele havia passado pelo litoral paulista e, posteriormente, se deslocado para Mato Grosso, onde possui vínculos familiares. Com base nas informações levantadas, agentes da 2ª DP de Porto Alegre seguiram até Mato Grosso.

Com o apoio da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Barra do Garças (MT), apurou-se que o investigado havia seguido para o Mato Grosso do Sul. Ele foi localizado em Dourados (MS), com o suporte da Polícia Rodoviária Federal (PRF), enquanto se dirigia a Ponta Porã, na divisa com o Paraguai.

Operação Malus Doctor: Fraudes processuais milionárias

A Operação Malus Doctor foi deflagrada na quinta-feira, 8 de maio, pela 2ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, com o objetivo de desarticular um grupo criminoso especializado em fraudes processuais contra instituições financeiras. Foram cumpridas 74 ordens judiciais, incluindo 35 mandados de busca e apreensão, nove ordens de suspensão do exercício da advocacia e medidas cautelares como quebras de sigilo bancário e fiscal.

Além disso, foi determinado o bloqueio de até 50 milhões de reais em bens móveis, imóveis e ativos financeiros. Os mandados foram cumpridos nas cidades de Porto Alegre, Glorinha e Xangri-Lá.

Esquema criminoso: Fraudes milionárias e vítimas lesadas

Durante as investigações, foi identificado um esquema de fraude processual que resultou em mais de 145 mil ações judiciais supostamente ilegítimas, sendo 112 mil no Rio Grande do Sul e 30 mil em São Paulo.

O principal investigado é apontado como responsável por 47% das ações movidas contra instituições bancárias na Justiça do Rio Grande do Sul, figurando como o quinto maior litigante do estado.

A fraude consistia no uso de procurações falsas e ajuizamento de ações sem o consentimento dos clientes. Os suspeitos ofereciam serviços de revisão judicial de empréstimos consignados, cobrando 30% de honorários sobre os valores supostamente recuperados.

Entretanto, os valores depositados nas contas das vítimas eram provenientes de novos empréstimos contratados sem autorização, gerando prejuízos milionários.

Vítimas e estratégias processuais

Uma das vítimas declarou desconhecer a existência de mais de 30 ações protocoladas em seu nome, enquanto outra denúncia revelou a existência de ações ajuizadas em nome de pessoas falecidas, utilizando procurações com assinaturas falsificadas.

Os investigados também utilizavam a técnica conhecida como “fatiamento de demandas”, distribuindo ações semelhantes em diferentes comarcas e por meio de múltiplos procuradores, dificultando o rastreamento dos processos.

Crimes investigados e indiciados

Ao todo, 14 pessoas são investigadas por participação no esquema criminoso, respondendo por estelionato, falsidade ideológica, falsificação de documento particular, uso de documento falso, fraude processual, patrocínio infiel, apropriação indébita e associação criminosa.

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