Metsul explica: Por que está chovendo tanto no Rio Grande do Sul

O Rio Grande do Sul volta a ser atingido por chuvas intensas, que já causaram estragos em dezenas de municípios e obrigaram milhares a deixarem suas casas. Desde o último sábado, o estado registra acumulados extraordinários de precipitação, com piora significativa a partir da noite de segunda-feira e durante a terça. Só nas últimas 48 horas, diversas cidades superaram a média histórica de chuva para o mês inteiro, com destaque para a Grande Porto Alegre, o Vale do Rio Pardo e a região Central. Os volumes registrados chegam a impressionantes 400 mm em alguns pontos, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia.

Entre os principais fatores responsáveis por esse cenário está um bloqueio atmosférico no Sudeste do país, que impede o avanço das frentes frias. Esse fenômeno força o acúmulo de instabilidades sobre o território gaúcho, gerando uma frente fria semi-estacionária que permanece despejando chuvas na mesma área por vários dias. A isso se soma a atuação de uma corrente de jato em baixos níveis, que traz ar quente da Bolívia para o estado e favorece a formação de nuvens carregadas com temporais. Ainda, um gradiente térmico entre massas de ar frio ao sul e quente ao norte agrava a instabilidade.

Os efeitos já são visíveis: alagamentos, deslizamentos, inundações e interdições de estradas estaduais e federais afetam a rotina da população em pelo menos 51 municípios. Mais de 1.300 pessoas estão fora de casa, sendo que mil delas foram acolhidas em abrigos públicos. A cidade de Jaguari vive um dos quadros mais críticos, com centenas de desalojados. O quadro pode piorar nas próximas horas, já que o risco de novos transbordamentos de rios permanece elevado em várias regiões.

Especialistas da MetSul Meteorologia alertam que eventos extremos como este podem ocorrer mesmo em anos sem El Niño, contrariando a percepção comum. A combinação atual de fatores lembra, em menor grau, o desastre climático vivido entre abril e maio de 2024, quando o estado também enfrentou enchentes severas. Dessa vez, a natureza voltou a mostrar sua força, reforçando a urgência de ações preventivas e de adaptação ao clima.

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