Moraes encerra fase de testemunhas em ação do golpe e marca interrogatório de Bolsonaro para segunda-feira
Ministro do STF conclui oitivas e define nova etapa do processo contra Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), encerrou nesta segunda-feira, 2 de junho, a fase de depoimentos das testemunhas de acusação e defesa na ação penal contra o núcleo 1 da trama golpista, composto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus. O interrogatório dos acusados foi marcado para a próxima segunda-feira, 9 de junho.
Desde o início dos depoimentos, em domingo, 19 de maio, foram ouvidas 52 testemunhas, arroladas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelas defesas. O senador Rogério Marinho (PL-RN) foi o último a depor, indicado para falar em defesa de Bolsonaro e do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e ex-candidato a vice-presidente na chapa bolsonarista de 2022.
Durante o depoimento, Marinho negou qualquer articulação golpista por parte de Bolsonaro ou Braga Netto. Segundo ele, o ex-presidente estava preocupado com a normalidade da transição de governo. “Eu vi o presidente preocupado que não houvesse bloqueio de radicais, impedimento de ir e vir, para que não fosse colocado sobre ele a pecha de atrapalhar a economia e a mudança no país”, declarou.
O senador também afirmou que Bolsonaro, embora abatido pela derrota, indicou o então ministro Ciro Nogueira para liderar o processo de transição com o novo governo. “Nós todos estávamos tristes, mas o presidente,[estava] preocupado com esse processo de transição e com o pronunciamento aos seus eleitores”, completou.
Próximos passos no julgamento
Com o encerramento da fase de testemunhas, os interrogatórios de Bolsonaro e dos demais réus foram agendados para segunda-feira, 9 de junho. A expectativa do STF é que o julgamento que pode levar à condenação ou absolvição dos envolvidos ocorra ainda neste ano. Em caso de condenação, as penas podem ultrapassar 30 anos de prisão.
Os crimes imputados incluem:
- Organização criminosa armada
- Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
- Golpe de Estado
- Dano qualificado pela violência e grave ameaça
- Deterioração de patrimônio tombado
Os oito réus do núcleo 1
O grupo julgado nesta etapa compõe o chamado núcleo 1, considerado o centro das articulações golpistas. A denúncia foi aceita por unanimidade pela Primeira Turma do STF em terça-feira, 26 de março. Os réus são:
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República
- Walter Braga Netto, general e ex-ministro
- Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional
- Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do DF
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha
- Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator
O caso trata da tentativa de subversão da ordem democrática após o resultado das eleições de 2022, culminando nos atos golpistas de domingo, 8 de janeiro.