Estados Unidos monitoram Pix desde 2022, diz Governo Federal

O sistema brasileiro de pagamentos instantâneos Pix está sendo monitorado por autoridades dos Estados Unidos desde 2022, conforme documentos oficiais do Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR). A preocupação central é a possível concorrência desleal que o Pix, gratuito e público, representa em relação a empresas americanas e plataformas como o Whatsapp Pay.

Em relatório publicado à época, o USTR destacou que os Estados Unidos acompanham “de perto os desenvolvimentos relacionados ao mercado de pagamentos eletrônicos de varejo no Brasil”, observando o duplo papel do Banco Central brasileiro como regulador e operador do Pix. O documento considerou esse contexto como potencial barreira comercial para os interesses econômicos dos EUA.

Nesta quinta-feira, 16 de julho, o USTR anunciou a abertura de uma investigação sobre práticas comerciais brasileiras, incluindo o estímulo governamental ao uso do Pix. A iniciativa foi solicitada pelo ex-presidente Donald Trump, que acusou o Brasil de prejudicar empresas e inovações americanas, além de atacar redes sociais dos EUA.

Para especialistas, como a economista Cristina Helena Mello, da PUC-SP, as críticas refletem a pressão causada pelo sucesso do Pix, que se tornou uma alternativa eficaz aos cartões de crédito e até ao dólar em algumas transações. “O Pix é ágil, promove inclusão bancária e cumpre papel competitivo ao oferecer um produto de qualidade”, disse Mello em entrevista à Agência Brasil.

A reação dos EUA também pode estar ligada à decisão do Banco Central, em 2020, de suspender o lançamento do Whatsapp Pay no Brasil, dias após seu anúncio pela Meta, empresa de Mark Zuckerberg, aliado político de Trump. A justificativa foi a necessidade de avaliar riscos à concorrência e à segurança do sistema financeiro nacional.

De acordo com o Banco Central, o Pix movimentou cerca de R$ 26,4 trilhões apenas em 2024, consolidando-se como um dos principais meios de pagamento no país. A Agência Brasil procurou o BC e o Ministério das Relações Exteriores para comentar as acusações do USTR, mas ainda não obteve resposta.

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