Lula reage a tarifa de Trump e diz que Brasil não aceitará imposições dos EUA
Presidente reforça disposição para negociar, mas repudia medidas unilaterais e interferência norte-americana

Durante entrevista à jornalista Christiane Amanpour, transmitida na quinta-feira, 17 de julho, pela CNN Internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o Brasil está aberto ao diálogo com os Estados Unidos, mas não aceitará nenhuma imposição, especialmente após a decisão do presidente norte-americano Donald Trump de aplicar uma tarifa de 50% aos produtos brasileiros.
“Aceitamos negociação e não imposição. O Brasil não aceitará nada que lhe seja imposto”, afirmou Lula. Ele destacou que não deseja romper relações com os EUA, mas exige respeito mútuo nas tratativas entre os dois países. “O que não queremos é ser feitos de reféns. Queremos ser livres”, reforçou.
O presidente brasileiro criticou ainda a carta enviada por Trump ao governo brasileiro, na qual o norte-americano acusa o Brasil de perseguir Jair Bolsonaro. Lula classificou o gesto como “inaceitável interferência dos EUA em assuntos internos”, ressaltando que as acusações contra Bolsonaro partem do Supremo Tribunal Federal (STF), e não do Executivo.
Ao abordar as negociações comerciais, Lula disse que o Brasil já enviou propostas aos EUA, mas que as respostas vieram por meio da mídia, e não pelos canais diplomáticos. “Trump foi eleito para governar os EUA, e não o mundo. O Brasil merece respeito”, afirmou o presidente, reforçando que o país pode recorrer à Lei de Reciprocidade para aplicar tarifas semelhantes caso não haja avanços na diplomacia.
Lula também comentou as diferenças ideológicas entre ele e Trump, dizendo que ambos devem agir como chefes de Estado e não como representantes de correntes políticas. “Sou o presidente do Brasil, assim como ele é o presidente dos EUA. Fomos eleitos por nossos povos”, afirmou.
O presidente brasileiro mostrou-se favorável à disposição de Trump para negociar o fim dos conflitos na Ucrânia e em Gaza, mas lamentou o aumento dos gastos norte-americanos com armamentos. “O mundo precisa de comida. Não de armas”, disse Lula.
Ele concluiu criticando a ineficácia da ONU, especialmente do Conselho de Segurança, na mediação de guerras, como a de Gaza. “Sem interlocutores, as guerras continuarão”, finalizou.