Júri de homem acusado de matar avô e companheira tem início em Cachoeirinha

Sessão começou na manhã de quarta-feira, 6 de agosto, e deve se estender até a noite no Foro da cidade, com depoimentos emocionantes e detalhes impactantes da investigação

Começou na manhã desta quarta-feira, 6 de agosto, no Salão do Júri do Foro de Cachoeirinha, o julgamento do homem acusado de matar o avô e a companheira dele em fevereiro de 2022. O réu responde por duplo homicídio qualificado, com agravantes de motivo torpe e dissimulação ou traição, contra Rubem Affonso Heger, de 85 anos, e Marlene dos Passos Stafford Heger, de 53. Ele também é acusado de ocultação dos cadáveres.

Atualmente, o réu está internado no Instituto Psiquiátrico Forense (IPF). Sua mãe, que também era ré no processo, faleceu em março deste ano. O julgamento é presidido pelo Juiz de Direito Márcio Luciano Rossi Barbieri Homem e deve se estender até o período da noite.

Depoimentos marcantes movimentam a manhã

Oito testemunhas foram ouvidas durante a manhã. Um dos primeiros depoimentos foi de um policial civil que participou da investigação. Ele relatou que o caso começou como desaparecimento do casal e, posteriormente, passou a apontar o réu e sua mãe como principais suspeitos. Segundo ele, o acusado demonstrou resistência à prisão, especialmente ao ver a mãe sendo algemada.

Outro depoimento relevante foi o de um profissional que aplicou insulfilm no carro usado no crime. Ele afirmou que o próprio réu solicitou o serviço, pedindo o filme mais escuro disponível, e relatou que o homem se mostrava reservado e articulado, sem aparentes sinais de transtorno mental.

A nora de Rubem, casada com o filho da vítima há 35 anos, revelou o estranhamento com mensagens recebidas após o desaparecimento, uma delas com uso de termos não habituais pela vítima. Para ela, não há dúvidas sobre a culpa do réu e da mãe.

Um dos filhos de Marlene declarou que os dois “eram tudo para mim” e lamentou o fato de ainda não terem encontrado os corpos, impossibilitando um enterro digno. O outro filho relatou que encontrou a cachorrinha do casal morta dentro de um bueiro na casa das vítimas, o que levantou mais suspeitas sobre o crime.

A psicóloga do IPF, que acompanhou o réu entre junho de 2023 e maio de 2024, descreveu um comportamento robotizado e retraído, porém, com funções cognitivas preservadas, o que poderia indicar possível dissimulação. Ela ressaltou que, geralmente, pessoas com transtornos mentais não negam os crimes cometidos.

Também foram ouvidos um motorista de entrega de cilindros de oxigênio e um vizinho das vítimas.

Tarde reservada para interrogatório e debates

Na parte da tarde, o réu começou a ser interrogado. Na sequência, ocorre o debate entre acusação e defesa. O Ministério Público é representado pelo Promotor de Justiça Caio Isola de Aro, e a Assistência de Acusação pelas advogadas Brunna Lima Oliveira, Priscilla Helena Marmacedo Nunes Hainzenreder e Sara de Oliveira Dal Mas. A defesa é conduzida pelo advogado André Von Berg. O Conselho de Sentença é composto por seis homens e uma mulher.

Crime ainda sem corpos encontrados

Segundo a acusação, mãe e filho foram até a casa das vítimas, na Vila Carlos Antônio, em 27 de fevereiro de 2022, e cometeram o duplo homicídio. Em seguida, teriam colocado colchões na entrada da garagem e escondido os corpos em um veículo Ford Fiesta, que depois foi utilizado para ocultar os cadáveres, jamais localizados.

O julgamento chegou a ser cancelado em 2024, aguardando perícia em cinzas encontradas na churrasqueira da residência dos acusados. Em colaboração premiada, o réu indicou que os corpos teriam sido queimados no local.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo