Tensão na América Latina: EUA ameaçam intervenção militar na Venezuela

As recentes ameaças dos Estados Unidos de enviar militares à Venezuela reacenderam as tensões na América Latina e no Caribe, gerando forte reação de países como México, Colômbia e Brasil. A possível intervenção, justificada por Washington como combate ao narcotráfico, foi classificada como perigosa e desestabilizadora por diversos líderes e especialistas da região.

O presidente venezuelano Nicolás Maduro afirmou que o país está preparado para se defender e que qualquer ataque teria “repercussões continentais”. Em discurso, destacou que a Venezuela “nunca mais será pisada por impérios estrangeiros” e anunciou que poderá mobilizar até 4,5 milhões de milicianos ao lado das Forças Armadas.

No Brasil, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Celso Amorim, manifestou preocupação com a movimentação de navios de guerra norte-americanos para a costa venezuelana. Em audiência na Câmara dos Deputados, Amorim ressaltou que o princípio da não intervenção sempre foi uma base da política externa brasileira, inclusive durante o regime militar.

Nos últimos dias, agências como CNN e Reuters divulgaram que a Casa Branca, sob o governo Trump, considera o envio de cerca de 4 mil militares em três porta-aviões para a região. Segundo fontes não identificadas do Pentágono, a medida teria como objetivo principal demonstrar força, sem necessariamente envolver ações militares diretas neste momento.

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que Trump está disposto a usar “todo o poder americano” contra o narcotráfico, classificando o governo Maduro como um “cartel de narcoterrorismo”. Além disso, os EUA dobraram a recompensa por informações que levem à captura de Maduro, passando de US$ 25 milhões para US$ 50 milhões.

Entretanto, estudos do Escritório de Washington para a América Latina (Wola) questionam o papel da Venezuela nas rotas do narcotráfico, indicando que apenas 7% da cocaína que chega aos EUA passa por seu litoral. A maioria transita pelas rotas do Caribe Ocidental e Pacífico Oriental.

Especialistas alertam para o risco de desestabilização política regional. O historiador Rodolfo Queiroz Laterza afirma que uma ação militar dos EUA pode criar um “caldo de cultura perfeito para a instabilidade geopolítica”, especialmente diante da polarização política em países como o Brasil.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, e o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, também condenaram as ameaças dos EUA. Petro alertou que uma invasão à Venezuela pode arrastar a Colômbia para um cenário similar ao da guerra na Síria.

O governo venezuelano rejeita as acusações de narcotráfico e classificou as ameaças dos EUA como “bizarras e absurdas”. Em nota oficial, Caracas afirmou que a retórica americana ameaça não apenas a Venezuela, mas toda a “Zona de Paz” promovida pela Celac, que defende a soberania e cooperação entre os povos latino-americanos.

Apesar de a Venezuela possuir Forças Armadas com equipamentos relativamente adequados, especialistas afirmam que o país teria dificuldades em resistir a uma intervenção direta dos Estados Unidos, cujo poder militar é incomparavelmente superior.

Longevitá

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