Trabalho escravo é flagrado em restaurante e galpão de recicláveis na capital gaúcha
Auditores resgatam migrantes bolivianos e argentinos em condições degradantes em Porto Alegre

Operações de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego revelaram a exploração de 13 trabalhadores em situações degradantes em Porto Alegre. Em um galpão de triagem de recicláveis, três pessoas atuavam sem registro em carteira, recebendo abaixo do salário mínimo e sem acesso a equipamentos de proteção individual. O ambiente apresentava riscos severos: infiltrações, fiação exposta e uma prensa que poderia causar choques elétricos e amputações. A estrutura foi interditada e os responsáveis autuados após constatação da completa ausência de condições sanitárias e segurança.
O caso mais grave foi registrado em um restaurante no bairro Moinhos de Vento, que explorava dez migrantes — seis bolivianos e quatro argentinos — em jornadas exaustivas e sem direitos trabalhistas. Os bolivianos haviam sido recrutados com falsas promessas ainda em seu país de origem e foram alojados em condições precárias no bairro Azenha, sem acesso a itens básicos de higiene. Eles trabalhavam até 15 horas por dia, sem vale-transporte, e caminhavam mais de uma hora para ir e voltar do trabalho. O restaurante foi notificado a regularizar a situação e custear o retorno dos trabalhadores à Bolívia, mas não havia cumprido as exigências legais até o momento.
Todos os resgatados receberão as guias para acesso ao seguro-desemprego específico para vítimas de trabalho análogo à escravidão. A atuação conjunta do MTE, Ministério Público do Trabalho no RS e Polícia Federal deve resultar em novas medidas contra os empregadores envolvidos. As denúncias podem ser realizadas de forma anônima pela população por meio do Sistema Ipê, contribuindo para o combate contínuo à exploração de trabalhadores vulneráveis no estado.