Defesa de Bolsonaro sustentará que ele desistiu voluntariamente de tentativa de golpe

Advogados dizem que ex-presidente cogitou ruptura democrática, mas recuou antes da execução dos atos; STF julga cinco crimes atribuídos a ele

A defesa de Jair Bolsonaro vai centrar sua argumentação na tese de que, embora tenha considerado alternativas radicais após a derrota nas eleições, o ex-presidente teria desistido voluntariamente de qualquer tentativa de golpe, conforme previsto no artigo 15 do Código Penal. Os advogados sustentam que, mesmo com meios para efetivar a ruptura institucional, Bolsonaro optou por não prosseguir após alertas de comandantes militares, especialmente o general Freire Gomes, então chefe do Exército. Essa estratégia busca convencer os ministros do Supremo a aplicar uma pena mais branda ou até mesmo afastar a condenação.

Durante a sustentação oral no Supremo Tribunal Federal, a defesa também tentará reduzir as penas relacionadas à organização criminosa e aos atos de 8 de janeiro, alegando que Bolsonaro não estava no país naquele momento e agiu para conter excessos. Além disso, afirmam que não há provas materiais que demonstrem envolvimento direto do ex-presidente nas articulações golpistas, criticando a forma como falas e atitudes dele foram reinterpretadas pela acusação. O objetivo é evitar a unanimidade dos votos que possa reforçar a gravidade da condenação.

Outro ponto que será atacado é a delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que, segundo a defesa, teria sido obtida sob coação e apresenta contradições. Também será reforçada a acusação de cerceamento de defesa, com críticas à suposta aceleração do processo. Apesar dessas alegações, especialistas avaliam que as provas da Procuradoria são sólidas, e os depoimentos de militares que participaram de reuniões com Bolsonaro sobre possíveis medidas de exceção representam um grande desafio para os advogados do ex-presidente.

Rei do Lanche

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