Ativistas relatam que Greta Thunberg foi agredida e ‘usada como propaganda’ após ser detida em Israel

Um grupo de 137 ativistas estrangeiros detidos por Israel, após tentarem romper o bloqueio marítimo e levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza, foi deportado e chegou à Turquia no sábado, 4 de outubro. Os ativistas faziam parte da Flotilha Global Sumud.
Entre os deportados, há cidadãos da Turquia, Estados Unidos, Emirados Árabes, Argélia, Marrocos, Itália, Kuwait, Líbia, Malásia, Mauritânia, Suíça, Tunísia e Jordânia, conforme o Ministério das Relações Exteriores turco.
Dois passageiros, Hazwani Helmi, da Malásia, e Windfield Beaver, dos Estados Unidos, relataram à agência Reuters que presenciaram maus-tratos durante a detenção, incluindo agressões contra a ativista ambiental Greta Thunberg, que integrava a missão.
Helmi, de 28 anos, afirmou que Thunberg foi “empurrada e forçada a segurar uma bandeira de Israel”. O norte-americano Beaver, 43, acrescentou que a ativista foi “tratada de forma terrível” e “usada como propaganda política”. Segundo ele, Thunberg foi levada à força para uma sala quando o ministro da Segurança Nacional israelense, o extremista de direita Itamar Ben-Gvir, chegou ao local.
Os ativistas também denunciaram condições degradantes na detenção, alegando que não receberam comida ou água adequadas, tiveram remédios e pertences confiscados e permaneceram horas algemados.
A organização Adalah relata que alguns detidos ficaram sem acesso a advogados, banheiros ou medicamentos. O grupo afirma que vários foram “forçados a se ajoelhar com as mãos presas por zíperes plásticos por mais de cinco horas” após gritarem “Palestina Livre”.
Em Roma, parlamentares italianos que participaram da flotilha também relataram tratamento violento. “Fomos brutalmente impedidos e tomados como reféns”, declarou a deputada Benedetta Scuderi.
O ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, informou que 26 italianos estavam no voo que pousou em Istambul, e que outros 15 continuam detidos em Israel, aguardando deportação nos próximos dias.
O governo israelense ainda não se pronunciou sobre as novas acusações envolvendo Greta Thunberg, mas o Ministério das Relações Exteriores do país já havia classificado como “falsas” as denúncias de maus-tratos feitas anteriormente por integrantes da flotilha.