Alckmin considera corte tarifário dos EUA positivo, mas aponta distorções para o Brasil

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou neste sábado, 15 de novembro, que a decisão dos Estados Unidos de reduzir tarifas de importação sobre cerca de 200 produtos alimentícios é “positiva” e representa “um passo na direção correta”. No entanto, ele destacou que a sobretaxa de 40% aplicada exclusivamente ao Brasil ainda gera distorções e prejudica a competitividade das exportações nacionais.
Segundo Alckmin, “há uma distorção que precisa ser corrigida. Todo mundo teve 10 pontos percentuais a menos. Só que, no caso do Brasil, que tinha 50%, ficou com 40%, que é muito alto”. Ele destacou que o setor de suco de laranja foi o mais beneficiado, já que a tarifa de 10% foi zerada, o que representa um incremento de US$ 1,2 bilhão nas exportações.
Outros produtos, como o café, tiveram redução de 50% para 40%, mas, conforme Alckmin, países concorrentes — como o Vietnã — obtiveram reduções maiores, o que reforça a necessidade de novas negociações para melhorar a competitividade brasileira.
A retirada da tarifa global, anunciada na sexta-feira, 14 de novembro, é parte de uma revisão da chamada “taxa de reciprocidade” criada pelo governo norte-americano em abril. Enquanto a alíquota de 10% foi eliminada para todos os países latino-americanos, a sobretaxa de 40% sobre os produtos brasileiros permanece, afetando itens como café, carne bovina, frutas e castanhas.
O vice-presidente ressaltou que a decisão reflete avanços diplomáticos recentes, incluindo conversas entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, e reuniões do chanceler Mauro Vieira com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio.
Alckmin afirmou ainda que os Estados Unidos mantêm superávit na balança comercial com o Brasil, reforçando que o país “não é problema, é solução”.
Com a retirada da tarifa global, aumentou de 23% para 26% o volume das exportações brasileiras isentas de sobretaxas, equivalente a cerca de US$ 10 bilhões. Ainda assim, o impacto varia conforme o setor, com ganhos mais expressivos no suco de laranja e limitações em produtos com sobretaxa remanescente.
O governo norte-americano justificou as reduções como parte de um esforço para conter a inflação de alimentos e equilibrar a oferta interna. Trump declarou que o ajuste foi “um pequeno recuo” e que não prevê novas reduções tarifárias no curto prazo.







