Governo do RS insiste em pedágios para modernizar estradas e gera reação na Serra Gaúcha
Modelo free flow com 23 pórticos causa polêmica; população questiona custo e uso de verba emergencial

Com a promessa de melhorar a infraestrutura viária e enfrentar o desgaste acumulado nas estradas, o governo do Rio Grande do Sul lançou uma nova fase de consulta pública para discutir a concessão de 454 quilômetros de rodovias no Bloco 1. O projeto prevê 23 pedágios no modelo free flow, com cobrança automática por pórtico e investimento de R$ 6,41 bilhões ao longo de 30 anos. As intervenções abrangem regiões estratégicas, como a Metropolitana, Vale do Sinos, Paranhana e a Serra Gaúcha, e incluem duplicações, acostamentos, sistemas de drenagem e estruturas elevadas para suportar eventos climáticos extremos como os de 2024.
Apesar do discurso oficial de modernização e segurança, o plano reacende controvérsias. Cidades da Região das Hortênsias criticam a ausência de tarifas reduzidas para moradores e trabalhadores locais, e o uso de R$ 1,5 bilhão do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs), criado para a reconstrução após as enchentes, também levanta questionamentos. Embora o governo diga que esse aporte ajuda a reduzir o valor do quilômetro rodado de R$ 0,32 para R$ 0,21, os pedágios estarão espalhados por quase todos os trechos do bloco, com exceção da ERS-118, mantida fora da cobrança por acordo com a Assembleia Legislativa.
O Executivo garante que a concessão é o único caminho viável para modernizar as estradas e que o projeto, feito em parceria com o BNDES, está aberto à consulta até 1º de dezembro. Nesse cenário, a estatal EGR será extinta, e suas rodovias passarão à iniciativa privada com a implantação dos blocos 1 e 2. No entanto, prefeitos, motoristas e moradores seguem cobrando mais transparência sobre o impacto real dos pedágios, enquanto a Secretaria da Reconstrução Gaúcha planeja quatro audiências regionais para ouvir a população sobre o tema.







