Safra de uva 2026 no RS ainda é incerta, apesar de inverno promissor

Emater/RS-Ascar adia estimativa da colheita para janeiro diante de adversidades climáticas na primavera

A estimativa da safra de uva de 2026 no Rio Grande do Sul segue indefinida. Apesar de o inverno deste ano ter favorecido o cultivo, a primavera apresenta condições climáticas adversas que impedem a projeção de uma colheita precisa. Segundo a Emater/RS-Ascar, diversos fatores ainda podem interferir no processo de frutificação, o que torna inviável divulgar uma previsão neste momento. A Instituição prevê apresentar dados atualizados em meados de janeiro.

De acordo com Thompsson Didoné, extensionista rural da Emater/RS-Ascar, mesmo com a excelente safra de 2025, os vinhedos gaúchos vêm enfrentando situações adversas ao longo dos últimos anos. “Nos últimos cinco anos, foram submetidos a estresse devido a severas estiagens e, em 2024, ao intenso e prolongado encharcamento do solo, afetando o sistema radicular”, explicou.

Por outro lado, o inverno de 2025 trouxe condições favoráveis, com destaque para o número de horas de frio abaixo de 7,2°C, fator essencial para uma brotação uniforme e vigorosa. Em Vacaria, foram registradas 770 horas; em Caxias do Sul, 654 horas; e em Veranópolis, 399 horas, segundo dados da Agroconnet e Epagri/Ciram. “A qualidade do frio foi surpreendente, sem picos de temperatura elevada em junho e julho, e sem geadas tardias em agosto e setembro”, acrescentou Thompsson.

Contudo, a primavera tem preocupado os especialistas, conforme aponta o engenheiro agrônomo Enio Ângelo Todeschini, especialista em viticultura. Ele destaca o frio persistente, com temperaturas noturnas e matinais abaixo da média em setembro e outubro, o que retardou o desenvolvimento das plantas. Também foram registrados muitos dias com céu encoberto, ventos frequentes e a ocorrência do “desavinho”, distúrbio fisiológico que compromete a formação dos cachos e reduz a quantidade de bagas.

Outra característica do desavinho é a inversão da posição dos cachos, que ficam voltados para cima no início do desenvolvimento”, observou Todeschini.

Diante dessas oscilações climáticas, o setor vitivinícola segue em alerta, aguardando os próximos meses para uma avaliação mais concreta da safra 2026.

Claro

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