Caminhoneiros planejam nova paralisação em protesto por condições de trabalho
Mobilização marcada para 4 de dezembro reúne insatisfação da categoria, mas enfrenta divisões e resistência de sindicatos

Apesar de não haver uma pauta política explícita, caminhoneiros de diversas regiões do país se articulam pelas redes sociais para realizar uma paralisação nacional na próxima quinta-feira (4/12). O movimento, segundo lideranças da categoria, é motivado pelas dificuldades enfrentadas no exercício da profissão, como baixa remuneração, insegurança nas estradas e leis difíceis de cumprir por falta de estrutura. Nomes como o caminhoneiro e influenciador Daniel Souza, que participou ativamente da greve de 2018, destacam que a insatisfação não é recente, mas agora se intensificou. Entre as reivindicações estão aposentadoria especial, estabilidade contratual e reestruturação do Marco Regulatório do Transporte de Cargas.
Apesar da mobilização crescente, há divergências dentro da própria categoria, com parte dos sindicatos e cooperativas expressando resistência ao movimento. Representantes da Baixada Santista, por exemplo, questionam a legitimidade da paralisação por falta de assembleias e diálogo prévio com os trabalhadores. Marcelo Paz, da Cooperativa dos Caminhoneiros do Porto de Santos, criticou a ausência de um processo democrático para definir a adesão à greve, sugerindo que há interesses políticos camuflados por trás da convocação, ainda que os líderes neguem vínculos partidários.
O histórico recente da categoria reforça o peso de uma paralisação nacional. Em 2018, uma greve de dez dias parou o Brasil, impactando o abastecimento de combustíveis e alimentos. Na ocasião, as pressões só foram amenizadas após o governo de Michel Temer ceder a parte das exigências. Agora, embora o contexto seja outro, a mobilização conta com apoio de associações como a ACTRC, que aposta na força do descontentamento atual para impulsionar o movimento, mesmo diante de um cenário de fragmentação interna.







