Unidade frigorífica na região norte do RS é parcialmente interditada após constatação de riscos graves à saúde de trabalhadores, diz MTP

Fiscalização detecta ritmo extenuante, sobrecarga biomecânica, falhas em segurança e vazamento de amônia em unidade no norte do Rio Grande do Sul

A equipe da Força-Tarefa dos Frigoríficos do RS realizou uma ação fiscal entre segunda-feira, 2, e sexta-feira, 6 de junho, em uma unidade frigorífica localizada na região norte do Rio Grande do Sul e encontrou múltiplas situações de grave e iminente risco aos trabalhadores. Durante a inspeção, foi identificado um vazamento de amônia, o que levou à assinatura de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) emergencial com o Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul (MPT-RS). Como consequência das irregularidades encontradas, parte das instalações e processos da planta foi interditada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A unidade possui cerca de 2 mil empregados e abate diariamente 5,6 mil suínos.

A operação foi composta por representantes do MPT-RS, MTE, CEREST Macronorte, 15ª Coordenadoria Regional de Saúde (15ª CRS), DVST/CEVS e CREA-RS.

Entre os principais setores e atividades interditadas estão:

1. Todos os setores de miúdos, incluindo salas de cabeça, miúdos externos, miúdos vermelhos e atividades de apoio como operação de paleteira e limpeza;
2. Levantamento e manuseio não eventual de cargas fora dos limites ergonômicos (entre 50 cm e 1,75 m de altura);
3. Remoção manual de resíduo de banha em posto de trabalho mal projetado, exigindo movimentos prejudiciais à coluna.

Vazamento de amônia

Durante a inspeção, foi detectado um vazamento de amônia de 17,5 ppm, o que levou à celebração de TAC emergencial com obrigações como:

  • Adequação do sistema de detecção de vazamentos, com aquisição e manutenção de quadros de válvulas;
  • Treinamento de pessoal e definição de fluxos de comunicação de emergência;
  • Criação de rotas e protocolos semanais de segurança e realização de auditorias mensais;
  • Ações de adequação em diversos setores como desossa, embalagem e montagem de caixas.

Subnotificações e irregularidades

Foram identificados 3.573 casos de subnotificação de acidentes de trabalho, incluindo 41 reconhecidos pela Previdência Social e 83 em que a própria empresa investigou mas não emitiu CAT.

Outras irregularidades graves incluem:

  • Ritmo intenso de trabalho, com sobrecarga muscular e movimentação manual de cargas excessiva;
  • Setores com layout ineficiente, que impõem deslocamentos desnecessários;
  • Gestantes, inclusive no oitavo mês, expostas a ruído elevado;
  • Desvio de função no SESMT, com o médico do trabalho atuando apenas na análise de atestados;
  • Imposição de comparecimento ao setor médico mesmo durante atestados superiores a três dias;
  • Ausência de monitoramento efetivo e análises de acidentes;
  • Inexistência de Análise Ergonômica do Trabalho com metodologia adequada.

A inspeção contou com os auditores-fiscais Bruna Quadros e Edson Souza (MTE); representantes do CEREST Macronorte, da 15ª CRS, da DVST/CEVS e engenheiros do CREA-RS. O Projeto Frigoríficos no RS é coordenado pelos procuradores do trabalho Priscila Dibi Schvarcz e Alexandre Marin Ragagnin.

Informações e foto MTP RS.

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