Moraes afirma que Eduardo Bolsonaro intensificou ataques ao STF após tornozeleira em Jair Bolsonaro

Ministro determina que PF reúna provas de postagens e entrevistas do deputado licenciado; ex-presidente é investigado por tentativa de golpe
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou neste sábado, 19 de julho, que Eduardo Bolsonaro (PL-SP) passou a cometer mais condutas ilícitas após as medidas cautelares impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica.
Em novo despacho, Moraes ordenou que a Polícia Federal (PF) inclua no inquérito postagens e entrevistas feitas por Eduardo após a revelação das sanções contra seu pai. O ministro afirmou que o deputado licenciado intensificou os ataques ao STF nas redes sociais.
“Após a adoção de medidas cautelares em face de Jair Bolsonaro, o investigado Eduardo Bolsonaro intensificou as condutas ilícitas objeto desta investigação”, escreveu Moraes.
Foi a primeira manifestação pública do ministro após o governo dos Estados Unidos cancelar o visto de Moraes, de outros ministros do STF e de seus familiares. Em resposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a decisão norte-americana e expressou solidariedade aos magistrados.
Na sexta-feira, 18 de julho, Bolsonaro colocou a tornozeleira eletrônica por determinação de Moraes, decisão confirmada pela Primeira Turma do STF. O ex-presidente está proibido de sair de casa entre 19h e 6h, e também aos fins de semana. Além disso, ele não pode manter contato com o filho Eduardo, embaixadores ou frequentar embaixadas.
Durante buscas na residência e no escritório do ex-presidente, a PF encontrou um pen drive escondido em um banheiro, além de US$ 14 mil e R$ 8 mil em dinheiro vivo. As medidas integram um inquérito que apura os crimes de coação no curso do processo, obstrução de Justiça e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Na decisão que determinou as cautelares, Moraes destacou risco de fuga e a tentativa de intimidação ao STF. O ministro também revelou que Bolsonaro teria enviado R$ 2 milhões ao filho, que está nos Estados Unidos desde março, com a missão de convencer o governo norte-americano a aplicar sanções ao Brasil como forma de pressionar o Judiciário.
A investigação aponta que Eduardo Bolsonaro se reuniu com autoridades dos EUA para defender a imposição de tarifas comerciais contra o Brasil, como a taxação de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente Donald Trump neste mês. Trump alegou que Bolsonaro é alvo de uma “caça às bruxas” no país.
Logo após a instalação da tornozeleira, Bolsonaro classificou a medida como uma tentativa de sua “suprema humilhação” e negou intenção de fugir do país. Em nota, a defesa do ex-presidente criticou as medidas, afirmando que ele sempre cumpriu as determinações judiciais.