Alexandre de Moraes reafirma firmeza no julgamento de Bolsonaro: “Não há chance de recuar um milímetro”

Em entrevista ao The Washington Post, ministro do STF reforça compromisso com a democracia e promete analisar com rigor as denúncias contra o ex-presidente e seus aliados

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que “não há a menor possibilidade de recuar nem mesmo um milímetro” no processo que apura a tentativa de manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder após o fim do mandato. A declaração foi dada em entrevista aos jornalistas Marina Dias e Terrence McCoy, autores de um perfil publicado na segunda-feira, 18 de agosto, pelo jornal norte-americano The Washington Post.

Segundo Moraes, o julgamento seguirá com base nas evidências, com absolvições e condenações conforme os autos. “Vamos fazer o que é certo: vamos receber a denúncia, analisar as evidências, e quem tiver de ser condenado vai ser condenado, e quem tiver de ser absolvido vai ser absolvido”, destacou.

O jornal descreve Moraes como alguém habituado a enfrentar grandes embates políticos, guiado pelo lema pessoal de “nunca desista, sempre avance”. Em outro trecho da entrevista, o ministro reforça, com tranquilidade, que “não há chance de recuarmos do que devemos fazer”, referindo-se à atuação do Supremo Tribunal Federal.

O perfil publicado pelo The Washington Post informa que 12 pessoas próximas ao ministro foram entrevistadas, a maioria de forma anônima. A maior parte dos interlocutores considera que a postura firme de Moraes foi essencial para preservar a democracia brasileira em um contexto global de avanço autoritário. No entanto, também há quem veja excessos que colocam em xeque a legitimidade da Corte.

O artigo também destaca a repercussão internacional das decisões de Moraes, especialmente por seus despachos envolvendo temas como liberdade de expressão, tecnologia e poder estatal. O ministro ganhou fama como “xerife da democracia” em países polarizados.

Entre as medidas citadas está a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, determinada por Moraes no início de agosto. O texto menciona ainda as sanções impostas ao ministro pelo governo de Donald Trump, incluindo o cancelamento de vistos e a aplicação da Lei Magnitsky, usada contra acusados de violar direitos humanos. Moraes atribuiu a medida a fake news divulgadas nas redes sociais e por Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-presidente.

O julgamento do processo penal contra Bolsonaro e outros sete aliados por tentativa de golpe de Estado está marcado para começar na segunda-feira, 2 de setembro, na Primeira Turma do STF, composta por Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Flávio Dino e Cármen Lúcia.

Neri Conte

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