STF forma maioria para manter nomeação de parentes em cargos políticos

Decisão mantém entendimento de que nepotismo não se aplica a funções de natureza política; julgamento será retomado na próxima quinta-feira
O Supremo Tribunal Federal (STF) formou nesta quinta-feira, 23 de outubro, maioria de votos para manter a possibilidade de nomeação de parentes para cargos políticos, reafirmando o entendimento de que essa prática não configura nepotismo.
Até o momento, o placar está em 6 votos a 1 a favor da manutenção da regra que permite a indicação de parentes em funções de natureza política, como secretários estaduais e municipais. O julgamento, porém, foi suspenso e será retomado na próxima quinta-feira (29).
Em 2008, o Supremo editou uma súmula vinculante que proibiu o nepotismo em cargos públicos. No entanto, meses depois, a própria Corte reconheceu exceções para cargos políticos, permitindo, por exemplo, que governadores e prefeitos nomeiem familiares para secretarias.
O caso atual chegou ao STF por meio de um recurso contra uma lei municipal de Tupã (SP), de 2013, que proibia a nomeação de parentes do prefeito, vice-prefeito, secretários e vereadores. A norma foi questionada por contrariar o entendimento do Supremo sobre o tema.
Durante a sessão, o ministro Luiz Fux, relator do processo, defendeu a manutenção da regra atual. Segundo ele, o chefe do Executivo tem prerrogativa de escolher seus secretários, desde que respeite critérios de qualificação técnica e proibição de nepotismo cruzado.
“A mensagem do Supremo é que a regra é a possibilidade, a exceção é a impossibilidade. Não é uma carta de alforria para nomear quem quer que seja”, afirmou Fux.
Acompanharam o relator os ministros Cristiano Zanin, André Mendonça, Nunes Marques, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli.
O ministro Flávio Dino foi o primeiro a divergir, destacando que “legalidade e afeto não se combinam”, criticando a prática de misturar laços familiares com decisões administrativas.
“Uma reunião de governo não pode ser um almoço de domingo. Isso é lindo na família, no jardim, não na praça. No espaço público, é preciso coerência nas regras”, afirmou Dino.
A ministra Cármen Lúcia também se manifestou, ressaltando que o princípio da impessoalidade continua sendo um desafio.
“A esposa vai para o Tribunal de Contas aprovar ou não as contas do próprio marido. Isso é completamente contrário ao que discutimos, embora seja um cargo político”, observou.
Os votos dos ministros Edson Fachin, Gilmar Mendes e Cármen Lúcia serão apresentados na próxima sessão, quando o julgamento será concluído.
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